segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Terceiro Capítulo - Do Coitado

"Isso tudo aconteceu em outubro. Eles se separaram e nas férias Carol conheceu um cara na praia. Curtiram muito. Ele a deixava dirigir sua caminhonete, tipo “pagar de gatinha”... hahahaha... Tomaram juntos alguns porres de caipirinha e como ele sendo mais velho e independente, fumaram maconha também. Ela nunca foi muito maluca não, nunca curtiu um baseado sem ter peso na consciência. Sempre ficava imaginando o que seu pai iria sentir se soubesse, que além de matá-la, iria ficar super frustrado. Pai super careta. E ele estava certo. Se não fosse isso e sua educação religiosa, talvez Carol tivesse mergulhado nas drogas. Mas isso é assunto para outro capítulo...
Com o João (esse era o nome dele) fez muitas coisas diferentes. Viajavam, batiam altos papos, riam, iam a restaurante, se divertiam muito juntos. Isso à assustava um pouco. Uma vez foram para São Tomé das Letras sem seus pais saberem. Na verdade eles achavam que Carol estava na praia com a família dele. Foi aí que ela entendeu o que à assustava. Essa liberdade, a base de mentira, não era normal. Podia até ser para a maioria da galera, não para a ela. A adrenalina decorrente da história falsa não era tão boa assim. Entretanto, eles se divertiram muito, sua auto-estima melhorou, e seu bom humor voltou. Mas, o que mais marcou foi a certeza de que a vida com o “inútil” não era vida. O João era solto, tranqüilo, calmo, confiante, gentil e engraçado. Nem forçou a barra para transarem. Inclusive, era um fofo. Disso ela gostava. Cara que respeita a garota merece respeito. E também não se sentia preparada para isso, apesar de parecer moderninha e apaixonadinha.

Pois bem, nessa história quem não respeitou, quem deu bola fora, quem agiu de maneira vil e safada com o coitado do João fora a Carol!! E disso, ela se arrepende. E muito.

Em fevereiro, dois meses de namoro novo, livre do inferno que era seu relacionamento com o “inútil” e o melhor, com um carinha que estava afim dela, a tonta da teve uma recaída. Ele soube que ela estava na casa de uma amiga sozinha. Apareceu lá e com um papo de carência convenceu Carol que não consegui falar não. Olha, se não fosse a felicidade que é ter sua filha hoje, Carolina lamentaria esse dia até sua morte. A sensação de estupidez e de falta de respeito por si mesma é latente em sua mente até hoje. Desrespeitou-se, desrespeitou o desavisado do João e também ao “inútil”, já que deu falsas esperanças para ele.

Bom, aí a história é conhecida. Carol engravidou, teve que dar o pé no fofo do João sem ao menos contar a verdade, porque claro, não teve coragem. O coitado ficou sem entender nada e ela se destruindo por dentro. A sacanagem já tinha sido feita. Não tinha como voltar atrás. Depois de tudo, Carolina escondeu da galera o segredo por uns dois meses. Na escola, ela era a sensação. Boa e ruim. Era a única adolescente grávida. E isso até que era legal. Era super paparicada, ganhou amigos valiosos. Mas também descobriu a realidade do tão falado preconceito. Nessa época estudava em uma escola do estado, mas durante sua vida toda estudou em uma escola particular conceituada. Teve alguns ótimos amigos. Outros não passavam de babacas preconceituosos. Sobre eles dedicarei o próximo capítulo. A literatura faz às vezes da psicanálise... Se é que me entendem!! "
E a eles o motivo do nome desse conto! Até semana.

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