terça-feira, 18 de novembro de 2008

Mulheres Possíveis.

Recebi esse texto da minha corretora ortográfica e amiga Jessica Baraldi. É um tanto grandinho, mas vale pra repassar. Principalmente para os maridos... rsrsrsrsrsr
Beijinhos
"Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãee mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou aosupermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo osfilhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono paraminha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou aocinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisõesno dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores paracasa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniõesligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!
E, entre uma coisa e outra, leio livros.Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas queoperam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Culpa por nada, aliás.Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lheapontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo paraos outros.Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o quedesejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
Você não é Nossa Senhora.Você é, humildemente, uma mulher.E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.
Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor.
Três dias.
Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Desacelerar tem um custo.Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo PhilippeStarck e o batom da M.A.C.
Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente,está precisando rever seus valores.E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelase nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante."
Martha Medeiros - Jornalista e escritora

Um comentário:

Pod papo - Pod música disse...

Realmente a mulher de hoje quer ser a grande executiva, a grande mulher de negócios. Mas, se tudo o que ela faz for para se sentir aceita pela sociedade, ou para se sentir uma mulher moderna, com certeza seu trabalho vai virar escravidão, assim como as mulheres de antigamente que eram donas de casa e se sentiam presas, escravas. Tudo deve ser feito com equilíbrio e prazer, por isso, temos que administrar muito bem o nosso tempo para que possamos ser aquilo que gostamos de ser.

Beijão!